Samir Xaud, atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), protagonizou um episódio polêmico ao alegar, em 2019, que não tinha condições financeiras para pagar as custas de um processo trabalhista – mesmo com uma renda mensal superior a R$ 30 mil. Na época, Xaud processava a Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras), pedindo R$ 2,5 milhões e solicitando o benefício da Justiça gratuita, alegando que os custos comprometeriam sua sobrevivência e a de sua família.
O caso, revelado pela ESPN e acessado na íntegra pelo portal LeoDias, mostra que Xaud recebia R$ 34.385 por mês, valor que, corrigido, ultrapassa os R$ 54 mil atuais. Além disso, ele mantinha um contrato de R$ 100 mil por nove meses e era dono de uma empresa com capital social declarado de R$ 100 mil. Mesmo assim, tentou obter isenção das taxas judiciais.
A Justiça, no entanto, não aceitou a argumentação. A juíza responsável indeferiu o pedido de gratuidade, destacando que o autor não comprovou insuficiência econômica. Documentos mostraram que Xaud recebeu R$ 37.500 líquidos em apenas um mês na cooperativa, e que entre 2015 e 2017, os valores recebidos ultrapassaram R$ 1 milhão. Desde 2011, o total chegou a cerca de R$ 2 milhões.
No fim, a Justiça concluiu que não havia vínculo trabalhista entre Xaud e a Coopebras e rejeitou o processo. Ele foi condenado a pagar R$ 10 mil em honorários advocatícios. Como não quitou a dívida espontaneamente, teve contas bancárias bloqueadas — em uma delas, foram encontrados R$ 18 mil, valor usado para abater parte do débito. O processo foi encerrado em 2021.
Segundo a legislação, o benefício da Justiça gratuita só é concedido a quem ganha até 40% do teto do INSS ou comprova documentalmente a falta de recursos — o que não ocorreu no caso de Xaud. Em nota, a assessoria do presidente afirmou que ele apenas exerceu seu direito constitucional e respeitou a decisão judicial.