Em meio à febre por soluções rápidas para ter mais energia, emagrecer ou “compensar” maus hábitos alimentares, os suplementos vitamínicos se tornaram quase um item de primeira necessidade. Mas o que muitos ignoram é que o uso indiscriminado e sem orientação médica desses produtos pode ser extremamente perigoso — e até fatal.
Um caso emblemático aconteceu no Reino Unido em 2024: um aposentado de 89 anos morreu após uma overdose de vitamina D. O episódio acende o alerta para um problema crescente e silencioso. No Brasil, a ANVISA registrou 312 reações adversas a suplementos entre 2019 e 2023. A crença de que “se é natural, não faz mal” é um mito perigoso. Vitaminas, em determinadas doses, se comportam como medicamentos e, por isso, podem sobrecarregar órgãos como fígado e rins.
O problema se agrava com a popularização de produtos voltados para crianças, como gomas de ômega 3 e shakes coloridos. Muitos contêm adoçantes artificiais (como sorbitol e xilitol), corantes e aromatizantes, que podem causar efeitos colaterais como diarreia, cólicas e até prejudicar a microbiota intestinal. Nos EUA, quatro crianças foram hospitalizadas em 2022 por overdose de ferro após ingerirem suplementos.
Apesar dos riscos, o Brasil é o 4º maior mercado de suplementos do mundo, com um faturamento de R$ 6 bilhões em 2023. Isso contrasta com outro dado alarmante: apenas 13% dos adultos brasileiros consomem frutas e hortaliças na quantidade recomendada. Há uma falsa sensação de que os suplementos substituem uma alimentação saudável, quando na verdade deveriam ser apenas um complemento, e sempre com orientação profissional.
Especialistas reforçam: antes de investir em cápsulas e pós milagrosos, é fundamental priorizar uma alimentação equilibrada, com proteínas em todas as refeições, frutas, legumes e verduras, além de praticar atividade física e dormir bem. Como diz o ditado adaptado: suplemento é perfume — mas se você não tomar banho (ou seja, cuidar da base da saúde), não adianta tentar disfarçar.
