Durante missão nos Estados Unidos para tentar evitar a imposição de tarifas comerciais de até 50% anunciadas por Donald Trump, senadores brasileiros relataram ter sido pressionados por congressistas do Partido Democrata a rever os acordos comerciais com a Rússia. Segundo os parlamentares, os americanos alertaram que, caso o Brasil mantenha relações comerciais com o governo de Vladimir Putin, poderá enfrentar uma “crise pior” — referindo-se à possibilidade de o Congresso norte-americano aprovar tarifas automáticas contra países que negociam com Moscou.
O objetivo dos EUA é aumentar a pressão sobre a Rússia para um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia. O Brasil, no entanto, é altamente dependente de fertilizantes russos para o agronegócio, conforme destacou o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que integra a comitiva. Ele afirmou que a suspensão dessas importações poderia paralisar o setor agrícola brasileiro.
A comitiva brasileira, composta por oito senadores, esteve em Washington entre os dias 28 e 30 de julho e se reuniu com oito congressistas norte-americanos — sete democratas e um republicano — além de representantes da Câmara de Comércio Brasil-EUA. A partir dessas conversas, surgiu a proposta de enviar uma carta a Trump solicitando a prorrogação das tarifas, previstas para entrar em vigor em 1º de agosto.
Apesar de não participarem diretamente das negociações comerciais, que estão sob responsabilidade do governo federal e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), os senadores buscaram sensibilizar o setor empresarial e o Congresso dos EUA. Durante os encontros, foi sugerido que o presidente Lula entre em contato diretamente com Trump. Wagner afirmou que Lula está disposto ao diálogo, desde que não envolva temas relacionados ao Judiciário brasileiro.
O cenário se agrava com a recente decisão de Trump de aplicar tarifas de 25% sobre produtos da Índia, país que também mantém relações comerciais com a Rússia, reforçando a estratégia americana de isolar economicamente Moscou.