
Alerta contra bebidas adulteradas: autoridades intensificam combate à venda de álcool com metanol. (Foto: Instagram)
O Brasil enfrenta uma preocupante onda de intoxicações provocadas por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Dados do Ministério da Saúde apontam 59 casos confirmados e 15 mortes, além de diversas suspeitas em análise. As ocorrências estão ligadas principalmente ao consumo de destilados como cachaça e whisky de procedência duvidosa.
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Esse cenário remete a um episódio trágico ocorrido na Itália em 1986, quando mais de 20 pessoas morreram e centenas foram hospitalizadas após ingerirem vinho contaminado com metanol. O escândalo abalou a reputação da vinicultura italiana e levou a uma profunda reformulação das normas de produção e fiscalização de bebidas no país.
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Na época, a crise começou na região do Piemonte, no norte da Itália, onde produtores, pressionados por excesso de oferta e queda nos preços, adicionaram ilegalmente metanol ao vinho para elevar o teor alcoólico. Em poucos dias, a fraude foi descoberta, resultando na apreensão de 25 milhões de litros e no bloqueio temporário das exportações italianas por países como França e Alemanha. Os prejuízos somaram o equivalente a R$ 9,4 bilhões.
Como resposta, a Itália criou um sistema robusto de rastreabilidade e endureceu as leis de produção, priorizando a qualidade em vez da quantidade. A mudança foi tão significativa que o país se consolidou como um dos maiores produtores e consumidores de vinho do mundo, disputando com a França o topo do setor.
No Brasil, a atual crise se concentra em estados como São Paulo e Pernambuco, com a Receita Federal identificando o uso ilegal de metanol industrial na fabricação de bebidas. Somente em São Paulo, 66 pessoas foram presas este ano, sendo 46 após o início da emergência sanitária. A ausência de notas fiscais e a dificuldade de rastrear os produtos dificultam a atuação das autoridades.
Especialistas apontam que o Brasil pode aprender com a experiência italiana. Investimentos em fiscalização, rastreabilidade e educação do consumidor são essenciais para evitar que tragédias como essa se repitam. A lição deixada pela Itália mostra que, com responsabilidade e controle, é possível transformar uma crise em oportunidade de reconstrução.


