O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu neste domingo (7/12) uma reportagem aprofundada sobre a trágica morte de Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, de 19 anos, que invadiu o recinto de uma leoa no Parque Arruda Câmara, em João Pessoa. Imagens de segurança mostram o jovem entrando no zoológico de madrugada, escalando estruturas e descendo até a jaula pela árvore que apresentava marcas de garras do animal. Mesmo hesitante ao ver a leoa Leona, Gerson continuou avançando, sendo mortalmente atacado.
A reportagem revelou que Gerson sonhava em ir à África para “domar leões” e já havia se colocado em situações de risco anteriormente, como tentar se esconder no trem de pouso de um avião. A conselheira tutelar que o acompanhou por anos relatou seu histórico de abandono e sofrimento mental. Desde a infância, Gerson passou por instituições de acolhimento e pela rede de saúde mental, mas nunca conseguiu estabelecer vínculos duradouros. Ele vivia em extrema vulnerabilidade, em uma casa onde todos os responsáveis tinham diagnóstico de esquizofrenia. Um episódio marcante foi o momento em que sua mãe, durante uma visita, o rejeitou dizendo: “Eu não sou mais sua mãe. Vá com a moça”, ao que ele respondeu chorando: “Mas você é minha mãe”.
Apelidado de Vaqueirinho nas ruas de João Pessoa, Gerson cuidava de cavalos e compartilhava vídeos que viralizavam nas redes sociais, muitas vezes de forma exploratória. A conselheira tutelar lamentou a espetacularização da sua figura pública, em contraste com a ausência de atenção real à sua condição humana.
Após o ataque, o zoológico reforçou a segurança, instalou câmeras inteligentes e revisou protocolos, mas especialistas alertam que essas medidas são paliativas. Quatro dias depois, a leoa Leona foi reintegrada ao recinto, sendo monitorada de perto, sem qualquer indicativo de eutanásia.
O caso reacendeu debates sobre a falha dos sistemas de proteção e o abandono de jovens em situação de vulnerabilidade, escancarando as falhas sociais que culminaram na tragédia.


