A TV Globo anunciou que vai retomar a produção de “Malhação”, uma de suas novelas mais emblemáticas, mas com uma proposta totalmente reformulada. Em uma live interna com funcionários, o diretor Amauri Soares revelou que a nova versão será pensada para o formato vertical, voltada para o ambiente digital e com foco em plataformas e linguagens consumidas pelo público jovem. A ideia é criar uma espécie de “novelinha” com atores jovens e reais, com o objetivo de reativar a presença digital da emissora e dialogar com novas formas de consumo de conteúdo.
O anúncio marca uma tentativa de recuperar um espaço que a Globo perdeu desde que encerrou “Malhação” em 2020, após 27 anos no ar. A novela era reconhecida como um celeiro de talentos, onde a emissora testava e revelava novos atores que, mais tarde, migravam para produções do horário nobre. Com o fim da produção, a Globo passou a depender de elencos já estabelecidos, comprometendo a renovação de perfis e a diversidade de rostos na televisão.
A nova proposta surge como uma resposta às transformações no comportamento da audiência, especialmente entre os mais jovens, que hoje consomem ficção em vídeos curtos e no celular. Ao adaptar a linguagem e o formato, a emissora tenta se reposicionar e retomar sua função de formadora de talentos, agora fora do modelo tradicional da TV aberta.
No entanto, o desafio é grande. “Malhação” sempre foi mais do que uma novela: era um laboratório de formação artística e um investimento estratégico de longo prazo. A expectativa é que essa nova versão digital consiga manter essa essência. Caso contrário, corre o risco de se tornar apenas mais um experimento superficial voltado para redes sociais, sem o impacto que a produção original teve na teledramaturgia brasileira.


