Um levantamento da corretora global Willis Towers Watson (WTW), divulgado pelo jornal O Globo, alerta para um aumento expressivo nos custos da saúde privada no Brasil nos próximos anos. Segundo o relatório Global Medical Trends, os gastos com planos de saúde, consultas, exames, medicamentos e procedimentos devem crescer mais de 10% ao ano até pelo menos 2028, superando amplamente a inflação geral, estimada em 4,5%.
A inflação médica no país deve fechar 2025 em 11,1% e manter-se elevada em 2026, com previsão de 11%. O cenário é semelhante em outros países da América Latina, onde o Brasil lidera em volume de mercado. A pesquisa aponta que 84% das seguradoras nas Américas acreditam que os aumentos acima de dois dígitos devem continuar por mais de dois anos.
Entre os fatores que impulsionam essa tendência estão a alta do dólar, que encarece insumos e medicamentos importados, desperdícios no uso dos planos, prescrição excessiva de exames e a incorporação de novas tecnologias médicas. Um exemplo citado é a inclusão da cirurgia robótica de próstata na cobertura obrigatória dos planos, além de medicamentos oncológicos de alto custo.
O estudo também destaca o impacto crescente de doenças crônicas e do câncer nos custos. Câncer é apontado por 69% das seguradoras como o principal fator de pressão, seguido por doenças cardiovasculares (52%), diabetes (37%) e transtornos comportamentais (33%). Há ainda um aumento significativo de diagnósticos entre pessoas com menos de 40 anos, especialmente de câncer de mama, colorretal e de próstata.
Os custos médicos específicos previstos para 2026 incluem aumento de 10,5% em medicamentos, 10,1% em consultas, 9,1% em internações e 9% em atendimentos ambulatoriais.
A pesquisa, que ouviu 346 seguradoras de 82 países, revela que muitas operadoras estão adotando medidas como coparticipações e limites de uso para controlar os custos. Apesar disso, empregadores continuam ampliando benefícios, especialmente nas áreas de saúde mental, fertilidade e gestão moderna.
O uso de Inteligência Artificial ainda é limitado, com apenas 17% das seguradoras adotando a tecnologia, mas a expectativa é que esse número suba para 37% em dois anos, com foco inicial em áreas administrativas.


