A novela “Dona de Mim” tem gerado polêmica ao envolver personagens infantis em tramas de golpes e pequenos trambiques. Embora essas situações sejam apresentadas com humor, parte do público tem expressado desconforto, alegando que tais cenas não são apropriadas para o horário das sete. O retorno da personagem Ellen, interpretada por Camila Pitanga, agora assumidamente uma golpista, marca o início de uma nova fase da trama em que duas crianças — Igor (Theo Matos) e Sofia (Elis Cabral) — passam a fazer parte das armações dos adultos.
A crítica gira em torno da presença de menores em contextos moralmente questionáveis, mesmo que em tom lúdico. Para muitos, isso ultrapassa os limites do aceitável em uma produção voltada ao grande público e exibida em um horário tradicionalmente associado a conteúdos mais leves. No entanto, a novela também tem sido alvo de críticas opostas: anteriormente, era considerada densa e pesada demais para o mesmo horário. Agora, ao adotar um tom mais farsesco, enfrenta nova onda de reprovação.
O texto argumenta que a indignação do público é legítima, mas destaca que “Dona de Mim” é uma obra de ficção que utiliza o exagero e o humor como ferramentas narrativas. Os adultos envolvidos nos golpes são retratados como figuras problemáticas e antiéticas, sem qualquer glamourização do crime. A discussão, portanto, deveria se concentrar menos na presença de crianças em situações erradas e mais em como essas escolhas serão desenvolvidas ao longo da trama.
A crítica final aponta para o risco de se limitar a liberdade criativa por medo de interpretações equivocadas. A dramaturgia, segundo o texto, não deve ser confundida com um manual de conduta, pois seu papel é provocar e refletir, de forma distorcida, aspectos da realidade social.


