Uma comissão do Vaticano decidiu, por ampla maioria (7 votos a 1), não autorizar que mulheres católicas atuem como diaconisas, mantendo a função exclusiva para homens, como é tradição na Igreja. O relatório com a decisão foi entregue ao papa Leão XIV e divulgado na última quinta-feira (4/12).
Embora a comissão afirme que a pesquisa histórica e a investigação teológica “excluem a possibilidade” da ordenação feminina ao diaconato no momento, o documento também recomenda um estudo mais aprofundado sobre o tema. A avaliação atual, segundo o texto, é forte, mas ainda não permite um julgamento definitivo.
A discussão sobre a ordenação de mulheres como diaconisas — que podem batizar, presidir funerais e testemunhar casamentos, mas não celebrar missa — tem gerado debates intensos entre os 1,4 bilhão de católicos ao redor do mundo. Em regiões onde há escassez de padres, diáconos assumem temporariamente a liderança de paróquias, embora a celebração da missa continue sendo prerrogativa exclusiva dos sacerdotes.
O falecido papa Francisco, que morreu em abril deste ano, havia criado duas comissões para estudar a possibilidade de mulheres exercerem o diaconato. Os encontros ocorreram de forma sigilosa, e o relatório atual é o primeiro a tornar públicas as conclusões desses debates. Até o momento, o papa Leão XIV não se pronunciou oficialmente sobre o conteúdo do relatório.
Historicamente, a Igreja já havia se posicionado contra a ordenação de mulheres ao sacerdócio. Em 1994, o papa João Paulo II declarou que apenas homens poderiam ser sacerdotes, mas não abordou diretamente a questão das diaconisas. Defensores da ordenação feminina citam evidências de que mulheres exerceram o diaconato nos primeiros séculos da Igreja, incluindo a figura de Phoebe, mencionada como diaconisa em uma das cartas do apóstolo São Paulo.
A decisão reacende o debate sobre o papel das mulheres na hierarquia católica e evidencia a resistência institucional a mudanças que envolvam a tradição da Igreja.


