A cena em que Paulinho (Romulo Estrela), até então pintado como um homem íntegro e parceiro, reage com um rompante de raiva ao ver Gerluce (Sophie Charlotte) conversando com Gilmar (Amaury Lorenzo) gerou forte estranhamento. Enquanto ele quebra objetos na casa, a trama escancara um comportamento agressivo que quebra a imagem do protagonista.
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Nas redes, o público se divide. Há quem ache a reação exagerada e mal conduzida; outros tentam justificar o surto com traumas passados ou com a ideia de que “ninguém é perfeito”. Mas a discussão central não é se o personagem tinha motivações, e sim o peso simbólico de mostrar violência vinda do herói.
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Num momento em que temas como feminicídio e abuso são debatidos diariamente, retratar um protagonista masculino destruindo o próprio lar por ciúme é uma aposta arriscada. Mesmo sem agressão direta, o subtexto aponta para controle e intimidação que precedem atos violentos.
Alguns espectadores sugeriram construções mais sutis, como silêncios carregados ou olhares vazios, capazes de transmitir o conflito emocional sem recorrer à destruição física. Ao optar pela explosão, a novela lançou uma sombra difícil de ignorar sobre Paulinho.
Não se trata de demonizar o personagem ou criticar o ator por sua performance, sólida até aqui, mas de refletir sobre a mensagem. Quando a violência parte do herói sem debate aprofundado ou punições claras, corre-se o risco de romantizar comportamentos que, na vida real, têm desfechos trágicos.
A repercussão mostra que o público percebeu o deslize. E, quando isso acontece, é fundamental ouvir as críticas. A dramaturgia tem o papel de instigar e complexificar, mas também assume responsabilidade diante de milhões de telespectadores. Paulinho pode seguir como protagonista, mas já não é mais unanimidade — sinal de que a trama tocou num ponto sensível que exige reflexão.












