O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vive um momento de isolamento forçado, resultado de medidas judiciais que restringem sua comunicação com aliados e de sua atual prisão domiciliar. Isso ocorre enquanto o Centrão intensifica articulações para lançar um nome competitivo à Presidência em 2026.
Na terça-feira (26/8), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou reforço no policiamento ao redor da casa de Bolsonaro, em Brasília. A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), motivada por manifestação do deputado petista Lindbergh Farias, que apontou risco de fuga. Bolsonaro está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.
No mesmo dia, a Polícia Federal (PF) solicitou ao ministro que a vigilância dentro da residência do ex-presidente seja feita 24 horas por dia. Moraes ainda não respondeu ao pedido. A PF também pediu o indiciamento de Bolsonaro e de seu filho Eduardo por tentativas de atrapalhar as investigações sobre a tentativa de golpe. Entre as provas, está uma minuta de pedido de asilo ao presidente argentino Javier Milei.
As conversas entre Bolsonaro e Eduardo, reveladas pela PF, indicam dificuldades internas da família para definir um sucessor político. O próprio ex-presidente já expressou preferência por um nome do clã, caso continue inelegível — condição imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em duas ações, uma delas por abuso de poder político.
Michelle Bolsonaro, apesar de bem avaliada e com baixa rejeição, tem pouca experiência política. Flávio Bolsonaro, senador, não tem mostrado viabilidade nos bastidores. Eduardo, por sua vez, tem se mostrado interessado, mas enfrenta investigações e está nos EUA desde março, onde busca apoio contra o que chama de violações de direitos humanos no Brasil.
Enquanto isso, a direita busca alternativas. Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO) e Romeu Zema (MG) têm se aproximado e são vistos como possíveis candidatos. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, aposta em Tarcísio como solução para o campo bolsonarista. Do outro lado, Lula (PT) se fortalece como nome único da esquerda e amplia diálogo com partidos de centro.