Durante uma operação realizada em julho e autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a Polícia Federal apreendeu valores em dólares e reais na casa e no escritório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. Ao todo, foram encontrados US$ 13,4 mil, sendo US$ 7,4 mil em uma gaveta de cuecas na residência de Bolsonaro e US$ 6 mil em seu escritório na sede do Partido Liberal. Convertido para reais, o montante ultrapassa R$ 70 mil. A origem do dinheiro ainda está sob investigação.
Além dos dólares, os agentes localizaram R$ 8,3 mil, que foram depositados na conta do ex-presidente por meio de uma agência da Caixa Econômica Federal. A operação também determinou o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro, como medida cautelar.
Durante as buscas, a PF encontrou uma petição da empresa americana Rumble, relacionada a uma ação judicial contra Alexandre de Moraes nos Estados Unidos, e um pen drive com documentos da empresa Medicalfix, da qual um aliado de Bolsonaro é sócio. Contudo, os investigadores consideraram o conteúdo do dispositivo irrelevante para o inquérito.
Em um dos carros do ex-presidente, foram achadas anotações manuscritas no porta-luvas. Os papéis faziam referência à delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Embora não incluídas formalmente no inquérito de coação, as anotações indicam possíveis estratégias de defesa, com menções a reuniões, repasses de dinheiro e até a um “plano de fuga” caso a Presidência fosse sitiada. Em um dos trechos, Bolsonaro nega a existência de um golpe e afirma que “golpe não é legal, constituição, golpe é conspiração”.
As anotações sugerem que foram feitas durante o interrogatório de Cid no STF, em junho, e demonstram preocupação com a repercussão da delação. Expressões como “Min Fux”, “Preocupação em não parar o Brasil” e “Plano de fuga – do GSI” aparecem entre os rabiscos.
A operação é mais um desdobramento das investigações envolvendo o ex-presidente, que atualmente está sob medidas judiciais restritivas enquanto as apurações prosseguem.