Gerson de Melo Machado, conhecido como “Vaqueirinho”, morreu no último domingo (30/11) após invadir a jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa (PB). Antes do trágico episódio, o diretor da Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, Edmílson Alves, já havia alertado sobre a condição mental do jovem, que era ex-detento da unidade.
Segundo Alves, Gerson apresentava sérios distúrbios psiquiátricos, era medicado durante sua permanência no presídio e chegou a se automutilar e ter surtos. O diretor afirmou que o jovem possuía laudos médicos e que sua condição era visivelmente instável. Após deixar o presídio, Gerson tentou retornar ao local provocando a polícia, pois alegava não querer viver nas ruas. Em uma tentativa desesperada, chegou a atirar uma pedra em uma viatura policial.
A tragédia, segundo o chefe de disciplina do Presídio do Róger, Yves, era “anunciada”. Ele afirmou que Gerson tinha o raciocínio de uma criança de cinco anos e precisava de cuidados especializados que não estavam sendo oferecidos. O jovem chegou a ser encaminhado para o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), mas fugiu do local.
A situação familiar de Gerson também era delicada. Segundo relatos dos servidores do sistema prisional, nem a avó nem o pai aceitaram acolhê-lo após sua saída da prisão. A conselheira tutelar Verônica Oliveira confirmou que o jovem era esquizofrênico, apresentava sintomas psicóticos ativos e vinha de uma família com histórico de transtornos mentais. Ele também dizia sonhar em domar leões na África.
Gerson tinha 19 anos e acumulava 16 passagens pela polícia, sendo dez delas ainda quando era menor de idade. A morte do rapaz reacende o debate sobre a negligência no tratamento de pessoas com transtornos mentais em situação de vulnerabilidade social e a falta de políticas públicas eficazes para garantir acolhimento e acompanhamento adequados.


