Durante visita oficial do presidente do Equador, Daniel Noboa, a Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou a importância da cooperação internacional para o combate ao crime organizado na América do Sul. Lula afirmou que é possível enfrentar o problema sem recorrer à classificação de facções como organizações terroristas e sem violar a soberania de outros países. A declaração faz referência, ainda que sem citar diretamente, à recente tentativa dos Estados Unidos de incluir grupos como o PCC e o Comando Vermelho na lista de organizações terroristas, medida à qual o governo brasileiro se opôs.
Lula também aproveitou o encontro para reforçar a oferta de apoio do Brasil ao Equador na área de segurança pública, anunciando a reabertura da adidância da Polícia Federal brasileira em Quito. O gesto sinaliza um esforço do governo brasileiro para ampliar a atuação conjunta no enfrentamento ao crime transnacional.
Além da agenda de segurança, a reunião bilateral teve caráter econômico e diplomático. Os presidentes se encontraram em caráter privado nesta segunda-feira e, posteriormente, participaram de um almoço no Palácio Itamaraty. Delegações dos dois países assinaram acordos de cooperação em áreas como desenvolvimento social, inteligência artificial e agricultura familiar.
O encontro ocorre em meio à tentativa do Brasil de diversificar suas parcerias comerciais, especialmente após o aumento de tarifas por parte dos Estados Unidos. Em 2024, o comércio entre Brasil e Equador movimentou US$ 1,1 bilhão, com destaque para as exportações brasileiras, que somaram US$ 970 milhões. Os principais produtos enviados ao país vizinho incluem veículos, máquinas, medicamentos e itens das indústrias de papel e celulose.
A visita de Noboa e os acordos firmados reforçam a estratégia do governo Lula de estreitar laços com vizinhos sul-americanos e fortalecer a integração regional em diversas frentes, da segurança à economia.