O governo Lula celebrou, nos bastidores, um artigo publicado no jornal norte-americano The Washington Post que critica duramente a política comercial de Donald Trump em relação ao Brasil. O texto, assinado pelo colunista Ishaan Tharoor, afirma que o tarifaço anunciado por Trump — que impõe uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros — teve efeito contrário ao desejado: em vez de enfraquecer o governo Lula, acabou fortalecendo-o politicamente.
Intitulado “O bullying de Trump ao Brasil está saindo pela culatra”, o artigo descreve a medida como um “ataque desastrado à soberania brasileira” e um “presente de Natal antecipado” para Lula. Segundo a análise, a retaliação comercial foi percebida como uma intimidação americana, incentivada por aliados de Jair Bolsonaro, o que gerou uma onda de apoio popular ao governo petista. Pesquisas recentes indicam aumento na aprovação de Lula, especialmente em setores que veem a medida como uma afronta externa ao país.
Além disso, o artigo destaca que o tarifaço atinge diretamente os interesses da elite empresarial brasileira, tradicionalmente alinhada à oposição conservadora. Com isso, o governo Lula ganhou espaço para se posicionar como defensor da soberania nacional em meio ao cenário eleitoral de 2026, que promete ser acirrado.
A repercussão do texto foi particularmente bem recebida entre diplomatas do Itamaraty, que consideram o Washington Post uma publicação influente entre tomadores de decisão globais. Desde o anúncio das tarifas, o governo brasileiro tem promovido uma ofensiva de comunicação internacional, com ministros e o próprio presidente concedendo entrevistas e publicando artigos em veículos estrangeiros para criticar Trump e defender a posição brasileira.
Nos bastidores, o Planalto avalia que a retaliação de Trump, embora negativa do ponto de vista comercial, abriu uma oportunidade política inesperada para o governo. A narrativa de resistência à pressão externa tem sido usada para reforçar a imagem de Lula como líder soberano, em contraste com o alinhamento de Bolsonaro ao ex-presidente americano.