
João Henrique Pinheiro, que concorreu à prefeitura de Marília (SP) em 2024, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de R$ 2,8 bilhões, quase o dobro do orçamento anual da cidade. Sem histórico político, ele ficou em quinto lugar na eleição, com apenas 3% dos votos. Durante a campanha, chamou atenção ao realizar uma carreata com carros de luxo como Porsche e Ferrari, além de um helicóptero, em uma das principais avenidas do município.
Pinheiro está detido em Madri desde 27 de maio, após ser incluído na lista vermelha da Interpol a pedido da Bolívia, que o acusa de envolvimento em um caso de suposta fraude. O governo boliviano aguarda sua extradição. A defesa do empresário afirma que há ilegalidade na prisão, alegando que o prazo legal de 45 dias para a extradição expirou sem que ele fosse libertado. Um pedido de habeas corpus foi negado pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, que declarou não ter competência para julgar decisões do Judiciário espanhol.
Segundo a imprensa boliviana, Pinheiro é acusado de enganar investidores ao prometer fornecer equipamentos para um complexo industrial de cana-de-açúcar em Bermejo, no valor de US$ 684 mil. Os equipamentos nunca teriam sido entregues, e cerca de 80 famílias foram prejudicadas, com perdas que ultrapassam US$ 1 milhão. A defesa argumenta que se trata de um conflito comercial e que o caso havia sido arquivado, mas foi reaberto em 2023 sem nova intimação adequada.
Além disso, em novembro do ano passado, um empresário norte-americano do setor de açúcar, Andrew Choi, acusou Pinheiro de não cumprir um contrato de US$ 6,8 milhões e de não entregar uma carga de 20 mil toneladas de açúcar. Pinheiro, por sua vez, afirmou que a carga só seria enviada após o pagamento integral e a entrega dos laudos do produto.